A jornalista e apresentadora Glória Maria morreu na manhã desta quinta-feira, 2, no Rio, aos 73 anos. Ela estava internada, tratando um câncer, mas a causa de sua morte ainda não foi confirmada. Glória deixa duas filhas, Maria e Laura.

“É com muita tristeza que anunciamos a morte de nossa colega, a jornalista Glória Maria”, informou a TV Globo, em nota. “Em 2019, Glória foi diagnosticada com um câncer de pulmão, tratado com sucesso com imunoterapia. Sofreu metástase no cérebro, tratada em cirurgia, também com êxito inicialmente”, prossegue o texto.

Em meados do ano passado, Glória Maria começou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias, e Glória morreu esta manhã, no Hospital Copa Star, na Zona Sul do Rio”, diz o texto.


Por causa do tratamento, Glória estava afastada do Globo Repórter, onde trabalhava fazia 12 anos, há mais de três meses. O último programa que ela apresentou foi ao ar no dia 5 de agosto de 2022.


Glória Maria participou de inúmeros momentos marcantes da TV brasileira, especialmente na Globo. Ela foi a primeira a entrar ao vivo no Jornal Nacional na transmissão da primeira matéria a cores do noticiário, em 1977, mostrando o movimento de saída de carros do Rio de Janeiro, em um fim de semana.

Mostrou mais de 100 países especialmente na Europa, África e parte do Oriente, de onde revelou um mundo novo ao telespectador.


Ela nasceu em Vila Isabel, zona Norte do Rio, e se formou em jornalismo na Pontifícia Universidade Católica (PUC), no Rio. Seu primeiro estágio foi no programa do Chacrinha, na TV Globo, ainda nos anos 1960.


A estreia como repórter foi em 1971 na cobertura do desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. Aos poucos, começou a colecionar grandes feitos na tela: no Bom Dia Rio, fez a primeira reportagem do matinal local, há 40 anos, sobre a febre das corridas de rua.

Em janeiro de 1977, cobriu a posse do presidente americano Jimmy Carter em Washington. No Brasil, também entrevistou chefes de Estado, como o ex-presidente João Baptista Figueiredo.


“Foi quando ele fez aquele discurso dizendo ‘eu prendo e arrebento’. Na hora, o filme acabou e não tínhamos conseguido gravar. Aí eu pedi: ‘Presidente, é a TV Globo, o Jornal Nacional, será que o senhor poderia repetir? Problema seu, eu não vou repetir’, disse Figueiredo. Onde ela chegava, o ex-presidente dizia para a segurança: ‘Não deixa aquela neguinha chegar perto de mim’”, relembrou ela, em depoimento à Globo.


Na emissora, tornou-se conhecida pelas matérias especiais e viagens a lugares exóticos, especialmente a partir de 1986, quando passou a integrar a equipe do Fantástico, programa do qual foi apresentadora entre 1998 e 2007. Glória entrevistou celebridades como Michael Jackson, Harrison Ford, Fred Mercury, Nicole Kidman, Leonardo DiCaprio e Madonna.


Com a cantora, aliás, viveu um momento único: ciente da impaciência de Madonna (a cantora chegou a debochar de Marília Gabriela por causa de seu inglês) e também por contar com apenas 4 minutos para fazer a entrevista, ela, nervosa, disse: “Olha, Madonna, eu tenho quatro minutos, vou errar no inglês, estou assustada, acho que já perdi os quatro minutos.” Para sua surpresa, a cantora virou-se para a equipe técnica e disse: “Dê a ela o tempo que ela precisar”.


Foi amiga de diversos artistas nacionais, como Roberto Carlos para quem apresentou seu especial de TV em 2010, na Praia de Copacabana. Ela também oi escolhida pelo Rei para a entrevista que concedeu em sua residência e na qual ele acabou cantando para ela.



Em 2011, Glória apresentou o show que o cantor fez em Jerusalém. Na ocasião, Roberto Carlos tirou a apresentadora para dançar.



Glória Maria participou ainda de coberturas relevantes, com a guerra das Malvinas (1982), a invasão da embaixada brasileira do Peru por um grupo terrorista (1996), os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998).


Depois que encerrou sua passagem pelo Fantástico, Glória Maria ficou dois anos longe do ar para se dedicar a projetos pessoais, como as viagens à Índia e à Nigéria, onde trabalhou como voluntária. Nesse período, adotou as meninas Maria e Laura.


Em setembro de 2019, Sérgio Chapelin se aposentou, após 23 anos no Globo Repórter. A partir daquele mês, Glória Maria passou a dividir o programa com a jornalista Sandra Annenberg.

“Glória marcou a sua carreira como uma das mais talentosas profissionais do jornalismo brasileiro, deixando um legado de realizações, exemplos e pioneirismos para a Globo e seus profissionais”, disse o comunicado enviado pela Globo.