Alto Caracol, um distrito localizado no município de Caracol, Mato Grosso do Sul, está longe dos centros urbanos, tanto em distância quanto em conectividade. Com a cidade de Campo Grande, capital do estado, a 385 km de distância, os moradores da região vivem uma realidade de isolamento digital. O que para muitas pessoas em áreas urbanas é simples e corriqueiro — usar o celular para fazer ligações, acessar a internet ou usar um aplicativo — se torna uma tarefa complicada e, por vezes, impossível para quem vive aqui.

A dificuldade em conseguir um sinal de celular estável tem mobilizado a comunidade local. "A gente vive uma situação muito complicada. O celular toca, mas logo cai, ou simplesmente nem funciona", explica um dos moradores de Alto Caracol. O problema tem sido motivo de constante frustração, principalmente para quem precisa se comunicar rapidamente ou resolver assuntos que dependem de internet ou telefonia.


Uma antena repetidora como solução - Quem tem buscado uma solução para o problema é a vereadora Magaly Godoy, presidente da Câmara Municipal de Caracol. Magaly é a porta-voz das queixas da comunidade, que já não sabe mais a quem recorrer para melhorar a conectividade da região. "A comunidade de Alto Caracol quer uma antena repetidora para melhorar o sinal de celular. Não é um pedido complicado, mas é algo que faz toda a diferença para quem vive aqui", afirmou a vereadora.


A ideia é simples: instalar uma antena que amplifique o sinal de telefonia na região, permitindo que os moradores finalmente tenham acesso ao que já é comum em áreas mais urbanizadas. O pedido foi encaminhado ao deputado estadual Zé Teixeira (PSDB), que prontamente encaminhou a solicitação para a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), órgão responsável por regular e autorizar esse tipo de serviço no Brasil.


A importância do celular no cotidiano rural - Em lugares como Alto Caracol, o sinal de celular é muito mais do que um meio para conversar com amigos ou familiares. Ele é uma ferramenta crucial para o dia a dia de quem mora e trabalha em áreas rurais. O celular se tornou essencial para transações bancárias, para verificar cotações de produtos agrícolas e até para saber a previsão do tempo — algo indispensável para quem vive da terra. Sem um sinal de qualidade, todas essas atividades ficam prejudicadas.


“O celular não é mais um luxo, é uma necessidade”, argumenta o deputado Zé Teixeira. Para ele, a instalação de uma antena repetidora no distrito é urgente e atende a uma demanda essencial dos moradores. "A telefonia móvel garante ao usuário a liberdade de se comunicar onde estiver. Isso vale não só para assuntos pessoais, mas para questões fundamentais do dia a dia, como transações bancárias, previsão do tempo e acesso a serviços", afirma Teixeira.


Com a expansão da tecnologia 4G e a chegada do 5G em várias partes do Brasil, a diferença entre as áreas urbanas e rurais no acesso à conectividade fica cada vez mais evidente. No entanto, em regiões afastadas como Alto Caracol, a modernidade digital ainda parece um sonho distante.


O contraste com a realidade nas grandes cidades - Enquanto as grandes cidades já estão adotando novas tecnologias, como a internet 5G, em Alto Caracol os moradores ainda estão na luta para ter um sinal básico de celular. Na prática, isso significa que realizar tarefas simples, como fazer uma transferência bancária pelo celular ou até mesmo ligar para alguém em outra cidade, pode se tornar um verdadeiro desafio. Muitas vezes, as pessoas precisam se deslocar até locais mais altos ou para áreas específicas do distrito onde, com um pouco de sorte, conseguem captar um fraco sinal de telefonia.


A situação se torna ainda mais dramática se considerarmos as distâncias e as dificuldades de transporte em uma região como essa. A cidade mais próxima de Caracol é a própria Caracol, e ir até Campo Grande, a 385 km de distância, não é algo que se faça com frequência. A falta de conectividade reforça o isolamento das comunidades rurais e dificulta o acesso a serviços que poderiam ser realizados de forma remota, se houvesse um sinal de celular confiável.


Infraestrutura escolar também é um desafio - A precariedade na infraestrutura não se limita à telefonia. Em Deodápolis, outro município de Mato Grosso do Sul, a Escola Estadual 13 de Maio enfrenta uma situação comum em escolas públicas: o calor. A diretora da escola, Vagna Dias de Azevedo Lourenço, pediu ao deputado Zé Teixeira a instalação de dois aparelhos de ar condicionado para a biblioteca da instituição. A escola atende cerca de 800 alunos, distribuídos nos três turnos, e a biblioteca é um espaço fundamental para o aprendizado.


No entanto, com as altas temperaturas da região, estudar na biblioteca tornou-se uma tarefa quase insuportável. Os alunos e professores sofrem com o calor, o que acaba prejudicando o desempenho escolar e o aproveitamento das atividades realizadas no espaço. Além disso, a biblioteca é usada para cursos de formação de professores, o que torna a climatização ainda mais necessária.


O deputado Zé Teixeira apresentou a demanda na Assembleia Legislativa, solicitando que o governo do estado tome as providências necessárias para melhorar as condições da escola. Segundo ele, garantir um ambiente adequado para o estudo e o trabalho dos professores é uma questão de dignidade. "As crianças e os professores merecem um ambiente mais confortável para estudar e trabalhar. É o mínimo que podemos fazer", afirma o deputado.


O papel da Anatel e a esperança de uma solução - Enquanto o processo segue seu caminho burocrático, a vida em Alto Caracol continua. Os celulares, por enquanto, são mais objetos de frustração do que de comunicação. Mas os moradores mantêm a esperança de que, em breve, a tão sonhada antena repetidora mudará essa realidade, tornando o invisível — o sinal de celular — uma presença constante e estável no cotidiano da comunidade.