Natural de Tupã, no interior de São Paulo, Maira Cristina Britto Fernandes segue o legado deixado por seu pai na produção agrícola. Hoje, como produtora de soja na região de Rio Brilhante (MS), Maira iniciou sua trajetória após se formar em administração de empresas, unindo sua paixão pelo agronegócio ao desejo de adquirir conhecimento e impulsionar sua carreira.
Memórias à tona
A paixão de Maira pelo agro começou desde muito cedo. Durante as férias, ela ia para a fazenda de seu pai em Mato Grosso do Sul. ”Minhas memórias de infância são muito fortes aqui. Quando ele comprou a propriedade, eu tinha apenas oito anos. Eu adorava o bosque, que já era uma reserva legal, local onde tinha um riacho onde eu descansava”, diz.
Em meio às árvores e a água do riacho, Maira acompanhava seu pai nas fazendas, que inicialmente eram voltadas para a pecuária e cana de açúcar. “Vim para o Mato Grosso do Sul pela primeira vez quando se cozinhava em fogão a lenha e à noite eram usadas lamparinas e luz a motor. Sempre gostei de explorar as matas e os pequenos rios, que eu chamava de ‘minha florestinha’, acompanhada por meus irmãos e primos”, conta.
De acordo com ela, seu pai sempre se preocupou com o meio ambiente e deixou um legado importante. “Nós sempre buscamos viver em harmonia com a natureza, com respeito ao solo e proteção aos mananciais de água, sempre com o apoio de nossos colaboradores”, complementa.
Um caminho de adaptações
Na década de 1980, a separação da empresa familiar trouxe mudanças à vida da família. Seu pai ficou com as terras em Mato Grosso do Sul, mas enfrentou dificuldades financeiras, arrendando parte da propriedade.
Enquanto isso, seu irmão mais velho, que optou por não continuar os estudos, começou a trabalhar na fazenda, responsável por abrir novos negócios. Enquanto isso, o irmão da produtora da commodity assumiu a parte administrativa das fazendas.
Maira e seu irmão mais novo dedicaram-se aos estudos. A sojicultora se mudou para São Paulo para expandir seus conhecimentos, enquanto ele se formou em agronomia, em Dourados.
Safra atual
A sojicultora destaca que a safra atual está com 100% das áreas plantadas e 80% das sementes germinadas, no entanto, enfrentou desafios, especialmente relacionados à dessecação das coberturas. Ela menciona que o problema vai além de questões específicas da propriedade, o que reflete na ineficiência nos manejos adotados. ”Quanto às pragas, a situação está controlada na maior parte das áreas, embora em regiões mais úmidas tenha sido notado o surgimento de caramujos”, exemplifica.
Para lidar com as adversidades, os produtores da região têm adotado um manejo cauteloso, utilizando rotação de culturas e cobertura em pasto, integrando a agricultura com a pecuária. Além disso, buscam diversificar as moléculas e princípios ativos dos fungicidas e inseticidas para evitar a resistência. “Algumas áreas, como aquelas onde o ciclo da cana-de-açúcar é interrompido pela soja, apresentam uma infestação maior de pragas, o que é esperado”, detalha Maira.
Ela explica que, atualmente, foram realizadas coberturas com crotalária e brachiaria na propriedade e há expectativas de que essa mistura melhore a fertilidade do solo e, consequentemente, a produção da próxima safra de soja. A equipe está atenta e acompanha de perto os resultados ao longo da temporada, com o compromisso de garantir a produtividade e a saúde do solo.
Tecnologias e estratégias
Maira destaca a importância da tecnologia no manejo agrícola: ”Investimos em rotação de culturas, manejo de fertilidade do solo e controle de pragas. Nossas análises de solo estão bem equilibradas, sem toxicidade de alumínio, graças às correções que realizamos anualmente.” Os mixes de sementes para cobertura, como a braquiária com crotalária, têm mostrado resultados positivos na produção de soja. ”O plantio do milho safrinha é feito com cobertura, garantindo que o solo permaneça protegido e inibindo o crescimento de mato e conservando a umidade”, complementa.
Embora o ano tenha sido marcado por um regime de chuvas tardias, a estratégia de irrigação em algumas áreas proporciona segurança adicional. Maira enfatiza que a equipe é fundamental para o sucesso da produção: “Estamos sempre atentos à qualificação dos trabalhadores e em equipamentos, pois são eles que fazem a diferença.”
Ela conclui, com o reforço de que o cuidado com a fertilidade do solo e a sustentabilidade das práticas agrícolas são essenciais. “Devolvemos ao solo o que ele utiliza, com um equilíbrio que nos proporciona estabilidade na produção, mesmo em anos secos. A gestão adequada de cercas e aceiros servem de proteção contra incêndios e são igualmente importantes para manter a saúde dos mananciais e das reservas naturais.”
Fonte: Canal Rural