Enquanto a política nacional discute a consolidação de grandes federações e o impacto da concentração de recursos em partidos com maior musculatura financeira, em Mato Grosso do Sul o tabuleiro eleitoral começa a se reorganizar de forma previsível, mas não menos interessante. A migração de políticos conhecidos em direção a siglas mais estruturadas é a prova de que, na prática, “competitividade” muitas vezes fala mais alto que fidelidade ideológica.
O Partido Verde (PV), tradicionalmente parte do grupo dos “nanicos”, agora integra a Federação Brasil da Esperança, ao lado do PT e do PC do B. Para políticos de centro que buscam aliança com a centro-esquerda, o PV surge como abrigo estratégico. É o caso de Marquinhos Trad, vereador e ex-prefeito de Campo Grande, atualmente no PDT, e do deputado federal Geraldo Resende, filiado ao PSDB. Ambos mantêm conversas com lideranças do espectro de centro-esquerda, sinalizando possíveis migrações partidárias para 2026.
Para esses nomes, o movimento é, antes de tudo, tático. Partidos menores tendem a perder relevância em um cenário de coeficientes eleitorais maiores, e mesmo políticos com base consolidada podem correr o risco de ficar pelo caminho. A entrada no PV garante que seus votos ajudem não só na própria candidatura, mas também na composição de forças da federação, fortalecendo candidaturas do PT, como Pedro Kemp, Tiago Botelho, Gleice Jane, Zeca do PT e Camila Jara, que disputa a reeleição.
O contraste com o campo político conservador é claro: enquanto alguns buscam pragmatismo e articulação para permanecer competitivos, outros parecem concentrar-se em narrativas mais rígidas, muitas vezes ignorando a complexidade da disputa proporcional. Para políticos como Trad e Resende, a prioridade é manter relevância, com ou sem janelas partidárias, enquanto o restante do espectro da direita observa de camarote, sem o mesmo acesso a estruturas que garantam coeficientes mais altos.
Além disso, o PT busca montar uma chapa diversificada em Mato Grosso do Sul, fortalecendo o projeto de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre os nomes em evidência está o ex-deputado Fábio Trad, posicionado como possível adversário do atual governador Eduardo Riedel na corrida pelo governo estadual. No Senado, Simone Tebet (MDB) ainda define caminhos, entre disputar a vice-presidência, o Senado local ou até se mudar para São Paulo, mantendo sempre atenção às condições estratégicas que possam potencializar sua eleição. A peça dela precisa definir sua posição, para o agora deputado federal Vander Loubet, um dos nomes mais relevantes de Lula no Centro-Oeste, possa definir se buscará a 7ª reeleição consecutiva como deputado federal ou irá buscar uma das cadeiras no Senado.
O resultado é um quadro em que pragmatismo e mobilidade política se sobrepõem a lealdades partidárias rígidas — e onde a direita, ao manter-se inflexível, observa o cenário se redesenhar à distância. No jogo da competitividade eleitoral, quem se adapta parece ter mais chances de ocupar espaço, enquanto os demais assistem, e talvez reclamem da modernidade que eles próprios ajudaram a criar.













