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Família de soldado Dhiogo aciona MP Militar com provas de violência no CMO

Publicada em: 31/10/2025 08:13 -

A família do soldado Dhiogo Melo Rodrigues, de 19 anos, protocolou nesta 5ª feira (30.out.25) um pedido de investigação ao Ministério Público Militar (MPM) em Campo Grande (MS). O jovem recruta foi encontrado morto nas dependências do Comando Militar do Oeste (CMO) na 2ª feira (27.out.25). 

 

O documento, assinado pela mãe da vítima, Christiane Melo dos Santos da Silva, e seu advogado, Hugo Melo Farias, solicita a "apuração rigorosa e independente" das circunstâncias da morte.

 

A petição alega uma série de falhas e possíveis crimes, incluindo omissão institucional, negligência e tratamento degradante.

 

SINAIS DE SOFRIMENTO E NEGLIGÊNCIA

 

 

Dhiogo havia ingressado no Exército Brasileiro há aproximadamente três meses. Segundo o requerimento, desde o início, o jovem "manifestava à família sinais evidentes de sofrimento psicológico".

 

O documento afirma que o soldado relatava desinteresse pelo serviço e "desejo de buscar acompanhamento psiquiátrico". No entanto, a família alega que esse acompanhamento "não lhe foi oportunizado ou autorizado".

 

Apesar dos supostos pedidos de ajuda, Dhiogo foi "mantido em funções armadas, sem avaliação médica adequada", o que a petição classifica como uma "afronta às normas de segurança".

 

A MORTE E AS SUSPEITAS DA PERÍCIA 

O soldado foi encontrado morto por um "disparo de fuzil na cabeça", enquanto exercia a função de sentinela.

 

A família aponta graves irregularidades nos procedimentos que se seguiram à morte.

 

O documento alega que o corpo foi removido "sem a realização de perícia imediata no local". 

 

Inicialmente, o corpo teria sido encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), o que, segundo o texto, "inviabilizaria o exame necroscópico oficial". Apenas "após insistência da família", o corpo foi transferido ao Instituto Médico e Odontológico Legal (IMOL), onde a necropsia legal foi realizada.

 

RELATOS DE HUMILHAÇÕES

 

A petição traz ainda relatos de colegas de Dhiogo, que mencionaram "situações de pressões psicológicas, humilhações e tratamento degradante sofridos pela vítima dentro do quartel".

 

A família também alega que houve "retenção indevida de seu aparelho celular", o que, para a defesa, "dificulta o acesso às provas e pode estar obstando a busca pela verdade real".

 

O documento protocolado no MPM sugere que o caso de Dhiogo não é um fato isolado. O texto cita "registro de diversos casos de mortes por disparo de arma de fogo ocorridos dentro das dependências do Exército Brasileiro no Estado de Mato Grosso do Sul, envolvendo jovens recrutas submetidos a intensa pressão psicológica".

 

O QUE COBRA A FAMÍLIA

O jovem não queria servir o exército, foi obrigado, e morto nas dependências do CMO em Campo Grande (MS). Foto: Arquivo

O jovem não queria servir o exército, foi obrigado, e morto nas dependências do CMO em Campo Grande (MS). Foto: Arquivo

O requerimento lista uma série de pedidos ao Ministério Público Militar, incluindo:

 

A instauração imediata de uma "investigação ministerial independente".

A requisição de cópias integrais do laudo de necropsia , do prontuário médico e registros psicológicos do militar , e do Inquérito Policial Militar (IPM).

A oitiva de colegas de pelotão, oficiais e praças que tiveram contato com Dhiogo.

A "verificação das condições psicológicas, ambientais e disciplinares impostas aos recrutas do CMO".

Que o advogado da família seja admitido como assistente da investigação.

A família busca a apuração de possíveis crimes militares, como violência contra inferior (Art. 175), omissão (Art. 200) e induzimento ao suicídio (Art. 207).

 

O QUE DIZ A MÃE 

"E quero deixar bem claro que eu quero justiça e punição aos responsáveis", disse Christiane Melo, sobre a perda do filho mais novo.

 

Christiane enterrou o filho após três meses em que ele foi submetido a muito sofrimento. "[Ele] Reclamou dos treinos muito puxados e humilhação dos superiores, quando chegou do acampamento", lembrou ela enviando mensagem compartilhada pelo filho no sábado, 25 de outubro, com fotos de diversos hematomas provocados pelos superiores no acampamento militar. "Reclamou que levou muitos chutes, é visível as marcas", desabafou a mãe.

 

Dhiogo, disse que apesar das dores, estava feliz de poder descansar ao ir para a casa do pai: "Bom dia, mãe. Bença! Tudo dolorido, mas tô bem agora que posso descansar", escreveu ele numa mensagem que chegou às 11h33 do dia 25 no contato da mãe. 

 

Três dias depois, em 28 de outubro, era a data de aniversário de Christiane, a data que deveria ser especial se tornou um dos piores dias da vida dela: "Enterrei meu filho, no dia do meu aniversário", completou, cobrando justiça e que responsáveis sejam punidos.  

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