A ministra de Planejamento, Simone Tebet (MDB), declarou que vai apoiar a reeleição do correligionário Ricardo Nunes à Prefeitura de São Paulo e subirá em seu palanque, mas apenas quando Jair Bolsonaro (PL) não estiver presente. A sul-mato-grossense também afirmou que espera que seu partido apoie a reeleição de Lula em 2026.
Pela proximidade que estabeleceu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desde que o apoiou, no segundo turno da eleição de 2022, Tebet já avisou ao seu partido que não subirá em palanques de bolsonaristas, mesmo que o MDB indique políticos a vice.
Simone é cotada para ser candidata a vice-presidente na chapa de Lula em 2026
Nunes deverá ter como adversários Guilherme Boulos (PSOL), que tem o apoio de Lula, e Tabata Amaral (PSB), do mesmo partido do vice-presidente Geraldo Alckmin.
“Até agora, o Ricardo Nunes não me deu nenhum motivo para não apoiá-lo. Obviamente que nós vamos ver qual é a plataforma de governo dele. Mas se ele continuar defendendo a democracia e os valores com os quais eu comungo… O que eu me recuso é subir num palanque de bolsonarista. Eu jamais vou estar no palanque de um candidato que tem pautas que representam um retrocesso, em questões como o armamento, o desmatamento ambiental, na pauta de costumes ou contra a democracia”, declarou Tebet em entrevista à CNN, na noite de sábado (31).
Questionada se subirá no palanque de Nunes, ainda que o prefeito receba o apoio de Bolsonaro, Tebet sinalizou positivamente. “Bolsonaro não estando (risos). A gente pode ir em dias diferentes”, respondeu.
Tebet classificou Nunes como um democrata. “Vejo Nunes como uma pessoa democrática. Ele é um democrata, com posicionamento provavelmente diferente em alguns aspectos que eu”, afirmou.
Apoio a Lula em 2026
Tebet disse ainda esperar que seu partido apoie a reeleição de Lula, em 2026, o MDB deseja indicar um vice para Lula, como forma de evitar o retorno do que ela considera ser a extrema direita ao poder.
“Não tenho dúvidas de que as forças democráticas estarão com o candidato mais forte a derrubar esse projeto nefasto. E, consequentemente, o único nome que me vem à mente, e por tudo que estamos preparando para o País, de melhora da economia, a gente fortalece o governo do presidente Lula. Eu não vejo outro caminho a não ser apoiar a reeleição do presidente Lula se ele for candidato”, disse.
E prosseguiu na defesa de uma nova frente ampla, similar à montada por Lula no segundo turno da eleição de 2022.
“O projeto de poder no Brasil passa pela questão de garantir o Estado Democrático de Direito, a democracia acima de tudo. Então, isso tem que estar acima das vontades políticas. Tem que ser o candidato que tem condições de ganhar da extrema direita. E estou falando da extrema direita, não da direita. Eu mesma sou uma pessoa de centro-direita na economia e de centro-esquerda nos costumes”, disse.
Fim da reeleição
Simone Tebet também defende o fim da reeleição e se coloca a favor da proposta em tramitação no Senado que estabelece mandato de cinco anos para o presidente da República. À CNN, a ministra
disse ver não apenas a reeleição, mas um mandato “curto” de quatro anos para os chefes do Poder Executivo — presidente, governadores e prefeitos — como um “câncer”.
“Totalmente de acordo [com o fim da reeleição]. Um dos grandes cânceres e males é não só a reeleição, é um mandato de quatro anos, é um mandato curto. Você ganha no primeiro ano, no segundo ano você trabalha, no terceiro ano você está pensando na eleição. O Brasil não vai pra frente dessa forma”, disse a ministra.
A proposta no Senado tem o apoio do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e valeria apenas a partir de 2030. Ou seja, não afetaria o próprio Lula ou governadores e prefeitos atualmente no exercício de seus mandatos.
“Se o [ex-]presidente Bolsonaro não tivesse chance de ser candidato à reeleição, nós não teríamos todo esse processo. Nós teríamos uma eleição totalmente diferente, talvez até sem uma tentativa de golpe. Um mandato de cinco anos, sem reeleição, está de bom tamanho”, afirmou Tebet.